Capítulo 7 - A Última Matriz


Voltamos pra casa orgulhosos. Pelo menos eu, já que cada um estava em sua nave. Meu sentimento era de realização, e até mesmo agradecimento. Foi revigorante e desafiador e, por mais que eu não queira admitir, gostei de trabalhar em equipe. Seria sorte essa ter funcionado tão bem logo de início? Não sei, e vou me deixar sem saber. Eu estava radiante e queria dividir isso com alguém.
— Fantasma.
— Sim. Você foi ótima!
— Você lê pensamentos também é?
— Não, mas devido eu saber tudo sobre seu sistema nervoso, bom, é quase a mesma coisa. O que achou do seu esquadrão?
— Divergentes, mas incríveis. O poder deles… O que era aquilo que eles fizeram?
— Ashra usou a Arma Dourada. No caminho do Pistoleiro, tudo o que importa é o tiro perfeito. Precisando apenas de três tiros absolutos para causar um dano incalculável. E falando em absoluto, Titãs Defensores são âncoras inquebráveis, treinados para absorver dano e controlar o fluxo da batalha. A parede contra a qual a Treva se depara. Mesmo que muitos aprendam essas habilidades, poucos tem tal sincronia em combate como vocês tiveram. E como indivíduos?
— Para resumir, Tyler é um palhaço, e Ashra me assusta.
Fantasma riu.
— Dizem que os Despertos nasceram durante o Colapso, descendendo daqueles que tentaram escapar da sua fúria. Algo lhes aconteceu muito além, na beira da escuridão, e eles foram mudados para sempre. Hoje muitos Despertos vivem no distante Arrecife, indiferentes e misteriosos. Mas outros retornaram à Terra, aonde seus descendentes agora lutam pela Cidade.
— O mistério dessa mudança sobressai aos olhos deles então. Mas não me senti intimidada por Zavala.
— Digamos que ele tem um perfil acolhedor. Já Ashra pode ter passado por algo além da história dos seus antepassados. Dê uma chance a ela.
Consenti. Além do mais, pra mim, o pior de lidar com estranhos em batalha já tinha passado. 
A Torre parecia cada vez mais familiar, e receptiva. Era como saber que ali eu não precisava ter um olho na nuca. Olhei toda aquela calmaria e respirei fundo.
— Aha! — Tyler gritou do meu lado, e meu coração foi na boca.
— O que foi? — perguntei.
— Hora da recompensa. — respondeu Ashra ou, Ash.
— Não achou que um assalto desses ia passar em branco achou? A Cidade está agradecida, aproveita! —disse ele, saltitando até o Correio.
— Que tipo de recompensa? — perguntei a Ash enquanto ficávamos para trás.
— Qualquer coisa… tipo armas, armaduras… geralmente é algo bem útil e, caso não seja, você pode extrair materiais para investir em algo melhor.
— Kadi-55-30 recebe Guardiões de volta da fronteira, transmite mensagens urgentes e rastreia itens perdidos. Ela adotou réplicas coloquiais com os Guardiões que frequentam a Torre. Não se sabe se isso é uma função de sua sub-programação ou se é um comportamento adquirido. — me informou Fantasma. — Ela foi muito útil guardando seu fuzil automático não acha?
— Sem dúvida. — concordei.
Kadi era uma simpática robô de cabeça achatada, com peças azul e amarelo. Tinha apenas um olho central, também azul, e muita proatividade. Quando chegamos, Tyler estava batendo os pés rapidamente, como uma criança impaciente.
— Kadi, cadê meu presente? — Reclamou ele.
— Checando, checando. Soro da Verdade AR760. — Ele pegou o fuzil automático e nos encarou com um olhar maléfico.
— Ok, Tyler. Qual será a piada? — perguntou Ash. Eu também já estava esperando uma.
— Não tem nenhuma piada… — disse ele, dando as costas. Eu e Ash nos olhamos fingindo surpresa, e de repente Tyler voltou. — Vou mirar bem na cara do sujeito e dizer… Por favor. Minta para mim! Haha.
Todos em volta riram. Tyler simplesmente não se acanhava em nada. Era de se admirar. Ash se aproximou da bancada e aguardou sua entrega.
— Checando. Teoria da Conspiração-D. Faça bom uso, Guardiã. Obrigada, obrigada.
Ashra recuou com sua nova aquisição, e de repente a desmontou inteira.
— O que está fazendo?! — O quê essa doida está pensando?
— Reciclando. Não gosto de escopetas. São barulhentas, e não são precisas. Um estilhaço a menos e estou morta. Brutalidade e barulho é com Tyler.
Ah sim, por que você é uma assassina silenciosa, pensei. Chegou então a minha vez. Não estava criando expectativas porque, nesse momento, qualquer coisa seria melhor do que eu tinha. A Chefe acenou pra mim e sumiu atrás de imensas prateleiras e arquivos.
— Checando. Soldado da Auto-Estrada. A sobrevivência da civilização depende da nossa determinação em escolher consciência sobre conveniência. É a assinatura vinda com este fuzil. Use-o com responsabilidade, Guardiã. Obrigada!
Isso era uma indireta para Ashra? Bom, fiquei satisfeita com o Batedor. Parecia ter sido escolhido a dedo pra mim. Mas em uma coisa eu não parava de pensar.
— Quem escolhe os nomes dessas armas?
— Alguém com muito senso de humor! — ressurgiu Tyler — Vai por mim, você vai escutar nomes bem melhores que esses!
— Acho que nem consigo imaginar.
— Ashra tem um canhão de mão que é a fuça dela: Rebelde.Solitário, Não serei domado. Não é uma graça?
Ashra já estava atrás dele com o tal canhão apontado para a sua cabeça.
— Tem sorte de ser proibido o uso de armas na Torre, ou veriam seus miolos aos ares. — disse ela, e pra ficar ainda mais sombrio, estava sorrindo.
— Pra quê se dar o trabalho de me matar se vai ter que me ressuscitar depois. — e mostrou a língua pra ela. Era muito divertido ver a discussão deles.
— Bom eu vou ver se os mentores precisam de algo. — foi o melhor que consegui dizer.
— Não acabamos ainda! —Tyler olhou pra mim com os punhos na cintura. — Melhor do que receber uma entrega no Correio, é decodificar engramas! Vamos ao Criptoarque!
— Criptoarque? — eu me sentia um peixe fora d’água. — Fantasma?
— Ah sim, o Criptoarque. A insaciável curiosidade do Mestre Rahool o levou à Torre, onde ele trabalha como um cripto-arqueólogo residente lidando diretamente com os Guardiões que retornam da fronteira. Ele decodifica engramas como um serviço gratuito, e assim que passa a confiar em algum Guardião específico, ele passa a oferecer engramas raros à venda. Devido à escassez desses artefatos, ele é obrigado a pedir Lúmen como compensação. O verdadeiro amor de Rahool é história. Ele trata cada nova descoberta como uma chance de entender a glória da Era Dourada ou a terrível verdade do Colapso. Ouça atentamente aos seus murmúrios: ele pode ser o primeiro a entender.
— Ash, vem com a gente? — perguntei a nossa sombra caçadora.
— Pode ser, não tenho nada melhor pra fazer, por enquanto.
A bancada de Rahool estava por perto. Era semelhante a de Banshee, só mais arrumada e cheia de ornamentos, como uma tenda de monges. E por falar em monges, ele próprio parecia um. Pelo tom azul opaco da pele, devia ser um Desperto, também misterioso, como Ashra. Usava um manto amarelo e preto, outras peças que o vestiam em diagonal no peito e por cima dos ombros, e um capuz que frequentemente cobria um dos seus olhos amarelos.
— Em que posso lhes ser útil, Guardiões?
— Fala, Cripto! Vê o que tem nessa coisa aqui pra mim? — o Fantasma de Tyler transmaterializou um engrama brilhante e roxo, e o entregou para o Mestre.
— Hmmmm. — ele olhou, analisou, pegou o engrama e fez alguma coisa inexplicável. Era mesmo como tirar um presente da caixa. — Interessante… Um fuzil de fusão, Cirurgião Ofídico.
— Ah, sério? — ele parecia decepcionado. — essas coisas são muito lerdas!
— Ou você que é apressado? — rebateu Ash.
— Não. — apontou para o fuzil — Lerdo. Lesma.
— Tá. Pega logo isso e vamos.
— Nem precisa. — interrompeu Fantasma. — Já estou recebendo os dados de uma nova missão. Há relatos de que uma equipe de Guardiões desapareceu perto do velho Observatório Celeste. Eles estavam em uma missão para a Órbita Morta, com códigos para uma matriz oculta que poderia nos conectar novamente a outras colônias do sistema. Se encontrarmos os seus Fantasmas, quem sabe possamos abrir a matriz.
— Outras colônias?! — o sorriso de Tyler não podia ser mais escancarado.
— Você só ouviu isso? —perguntou Ash, na provocação.
— E ele disse mais alguma coisa? —devolveu o Titã, sendo sarcástico.
No fundo eu não queria ir a uma missão sozinha. Parecia tão mais fácil e até divertido ter com quem compartilhar os medos, olhando pra eles ali e agora eu sabia exatamente o que eu queria dizer.
— Gostariam de ir comigo?
Eles me olharam como se acabassem de lembrar que eu estava ali.
— Claro, amiga! — Sim, foi Tyler que disse isso.
— Pode ser. — respondeu Ashra, dando de ombros.
Tyler bateu as mãos e as esfregou como se estivesse com frio, mas era só excitação.
— Vamos, vamos, vamos!
— Certo, nos encontramos então no Cemitério das Naves. — concluiu Fantasma.
— Feito. — responderam meus membros de esquadrão.
E assim partimos.
No local de encontro, o sol estava a pino, e a paisagem inalterada, mas a sensação de estar ali era totalmente nova. Eu não estava só, o que tornava tudo até mais empolgante.
— O último pulso dos Fantasmas foi detectado perto do Observatório Celeste. Vamos lá para ver o que encontramos. — orientou Fantasma.
Todos montaram em seus Pardais e seguimos para o objetivo. Tyler dava voltas para subir pelas asas das naves abandonadas e fazer saltos, e lá no alto fazia alguma manobra louca, gritando feito um louco, até subir a colina ele resolver parar.
— Opa! Me espera!
— O que houve? — perguntei.
— Girometal, bem ali. Vem pegar também!
Me aproximei cheia de curiosidade.
— Para o que serve isso mesmo?
— Girometal oferece força e leveza em tudo, desde armaduras de uso pessoal a componentes estruturais em espaçonaves. Um adorno de metal aerado criado por colônias silvestres de citoconstrutores da Era Dourada. — explicou Fantasma.
— Isso aí, pegue também Khiva. Ash? — ofereceu Tyler.
— Não, valeu. Já tenho muito desses. Quero materiais novos. Talvez quando estabelecermos conexão com outros mundos eu encontre algo interessante. Decaídos estão se aproximando. Vamos embora, não precisamos perder tempo com eles, temos uma missão a cumprir.
— Nem uns tirinhos? — Tyler com certeza estava fazendo bico.
Ashra respondeu pegando seu Pardal e indo embora. Eu também coletei o material, o que parecia ser uma muda de planta, feita literalmente de metal, brilhante e linda, e logo depois a seguimos e a alcançamos na entrada do Observatório. Ou ela que estava nos esperando.
— Por onde entramos nessa coisa? — ela perguntou, impaciente.
— Por aqui. — respondi, e tomei a frente.
Pelo caminho que tomamos, percebi estar seguindo uma rota familiar, e nada acolhedora. Avançávamos cada vez mais para a escuridão. Uma escuridão a qual já frequentei antes. O Complexo Lunar.
— Estamos voltando pelo território de procriação da Colmeia. A Vanguarda diz que estão transbordando para a superfície agora, dando trabalho para os Decaídos.
— Imagino o quanto. — comentei, lembrando do meu primeiro encontro com aqueles monstros. Eu com certeza preferia os Decaídos. — Cuidado aí atrás, eles estão logo a frente, há muita movimentação. — atentei meus companheiros automaticamente, como que para protegê-los e os prevenir de surpresas desagradáveis, como Escravos sorrateiros.
— Assim que é bom! — Tyler já preparava as armas.
Já havia tiros e berros no lugar. Colmeia e Decaídos guerreando por, imagino, território. Fomos nos intrometendo no meio deles. Atirando não em uns ou outros, mas em todos. Bem no lugar onde matei aquela Feiticeira horrenda. Pelo visto iríamos ainda mais além.
— Ainda consigo detectar os Fantasmas. Estão em uma clareira entre os prédios não muito longe daqui.
— Vamos então! —sugeri, e apertamos o passo.
Apesar do cenário ter o mesmo visual, ainda assim era um lugar diferente, e imprevisível. Havia Decaídos e Colmeia por toda parte e, quando nos viam, paravam tudo o que estavam fazendo para nos atacar, como se virassem aliados.
— Temos que caçar os Decaídos que estão com os Fantasmas. Sei que estão aqui mas não consigo saber exatamente com quem.
— Dividir para conquistar? — perguntou Tyler, olhando pra mim.
— Dividir para conquistar. — concluí, a Caçadora já tinha sumido.
— Certo. Fiquem atentos aos comunicadores. O último a achar um Fantasma, dança no final da missão.
— Isso foi Ashra fazendo uma aposta? — Tyler estava indignado.
— Apostando uma dança? — eu também estava. Nos olhamos por um segundo e corremos em direção contrárias.
Tyler foi para a parte mais elevada da clareira e começou a incomodar alguns Rebaixados. Eu entrei dentro de uma garagem a noroeste dele, e encontrei um grupo de Vândalos. Ash estava a Sudeste com outro grupo. Apesar de Tyler saber dança e gostar disso, ele estava com pressa.
— Fantasma morto aqui! — e encontrou.
A tensão não podia ficar pior. O quão irritada Ash podia ficar se eu encontrasse o Fantasma primeiro. Ou o quão divertido podia ser vê-la perder a aposta que ela mesma fez? Eu estava indecisa e, nesse meio pensamento, um Vândalo caiu com a cabeça estourada, e um Fantasma caiu de seus bolsos. Eu peguei ele na mão, e o encarei. Enrolar, ou relatar?
— Fantasma morto aqui! — e num coro perfeito, nós duas notificamos.
Retornamos ao centro da clareira e, Tyler estava insuportavelmente radiante.
— Ah! Dan-ça-ram! — ele apontava e ria. — As duas são as últimas, as duas dançam. Já prepararam a coreografia?
Ash bufava, para não rir, mas ainda furiosa. Eu já estava rindo, com a mão na cabeça.
— Cala a boca, Tyler. Eu disse no final da missão.
— Mal posso esperar. — disse ele com voz de suspense.
Limpei a garganta e voltei ao objetivo.
— Fantasma, qual deles tem os códigos?
Ele analisou todos e resolveu a questão.
— Este ainda tem os códigos. Vamos encontrar a Matriz!
Rastreando o local, fomos pelo mesmo lugar onde encontrei o Fantasma morto, só que adentrando ainda mais o misterioso prédio, abandonado e destruído há muitos anos, como tudo na Antiga Rússia.
— A Treva está ficando forte. Fantasmas e Guardiões estão morrendo como nunca antes. Temos que acabar com isso. A Estação de Controle da Matriz está no próximo setor, no Complexo Terrestre. 
— Algo tão valioso assim deve estar sendo muito bem guardado. — pensei em voz alta. Pelo silêncio, cada um pensou em uma resposta nada otimista. Alguns poucos Decaídos apareceram pelo caminho. Espalhados por grandes salas, Rebaixados e Vândalos se achavam mais espertos do que nós e tentavam nos encurralar. Mas aquilo parecia ser fácil. Fácil demais. Nos aproximávamos de uma nova área aberta.
— Chegando na estação de controle. É isso!
Haviam mais alguns inimigos lá fora, e alguns eliminamos atirando pela janela mesmo, para uma cobertura melhor. Saídos e limpamos a área, contornando a leste e enfim chegando a tal estação, que obviamente estava sendo vigiada por um Capitão, várias Sentinelas e Vândalos. Não foi difícil exterminá-los. Esse era o problema.
— Lá estão os controles. Preciso entrar lá e ver se os códigos funcionam. — Estendi a mão com Fantasma e ele se infiltrou no computador, que parecia parcialmente danificado. — Ok. Negociando sistemas de codificação. Grade de segurança anti-curto verificada. Está funcionando! Lá fora, a Matriz está abrindo!
E então algo enorme, como um satélite gigante, começou a surgir e a desabrochar no horizonte, chamando muita atenção.
— Sensacional! Está ativando!
Estávamos os três na porta, lado a lado novamente, em uma automática posição de defesa.
— Sabem que não é só isso, não sabem? — Ash recarregava as armas.
— Achei que eu estava ficando paranóica. — comecei a checar as minhas.
— Nunca é só isso. — Tyler já tinha o lança-foguetes a postos. — Estão prontas?
— Estamos. — respondemos.
E na sequência, uma espécie de três portais negros se abriram no céu, dando passagens a naves enormes, como cargueiros.
— Naves Tumba da Colmeia?! —exclamou Fantasma.
— Tem uma pra cada. — Tyler pulava de um lado pro outro.
Duas naves se dispersaram, como se para vir depois, com reforços. A primeira desembarcou inúmeros Escravos, Acólitos e um maior ainda.
— Khiva, o Cavaleiro é uma fortaleza galopante e urrante. O primeiro e mais zeloso defensor da Colmeia. Séculos de batalha fortaleceram as protusões ossudas de seu corpo, tornando-as duras como ferro de relíquia. Essa defesa só é melhorada com a magia da Colmeia que os Cavaleiros utilizam para invocar escudos de uma força ardente. Fique atenta com eles. — esclareceu Fantasma.
— Certo. — e antes que eu começasse a atirar, Tyler corria na direção deles, e no caminho, raios subiam pelos seus pés e o tornavam azul, como se formado por puro arco. E pulou alto, quase na altura da nave, juntou as mãos em punho fechado, e desceu.
— Punho do Caos!!! — e no chão, uma onda de arco fluiu ao redor dele e desintegrou todos que estavam próximos. O som do trovão percorreu o terreno, fazendo-o tremer, e antes que os restantes pudessem se recompor, o impiedoso Titã já sacava o Soro da Verdade, e aplicava sua sentença.
— Pelo visto, essa era a dele. — Ash, guardou o canhão e cruzou os braços.
— Quer a próxima? — perguntei, entrando na brincadeira.
— Pode ir.
Tyler retomou sua posição ao nosso lado, ofegante de tanta empolgação.
— Gostou? Show, né? — perguntou ele, talvez achando que fôssemos algum tipo de torcida.
A segunda nave apareceu, trazendo Escravos que vinham pelos flancos. Se era uma demonstração de poder, aqui vou eu. Concentrei minha Luz, e puxando dos céus aos pés, também invoquei meu poder de arco e flutuei por todo o lugar, eletrocutando quem estivesse no meu caminho. Eu me sentia mais forte do que antes, quando enfrentei aqueles Decaídos. Sentia com mais facilidade o poder fervendo nas minhas veias. Eu fiz uma boa faxina.
E então chegou a terceira nave. Com o dobro de inimigos e um Cavaleiro ainda mais poderoso. Ashra tomou a frente. Sem nenhum movimento previsível ou narração, o arco a possuiu dos pés a cabeça, e quando pronta, duas lâminas poderosas apareceram, uma em cada mão, e ela partiu numa corrida faminta para fatiar seus intrusos. Ficamos atentos, claro, caso alguma surpresa pudesse acontecer, mas naquele momento, isso já não me preocupava mais, pois quando ela voltou, foi como se a Colmeia nunca estivesse ali. 
— Pronto. — disse ela, batendo as mãos como se pra tirar alguma sujeira.
— Acho que está limpo. Precisam ver isso. — chamou Fantasma. Recuamos então até o sistema que ele analisava. — A Matriz… é controlada por Rasputin, a última inteligência Bélica. Ele não me deixa, mas está conectando os construtos de defesa por todo o sistema. Pode ter algo lá fora, algo que nos ajude a sobreviver à Treva.
— Fim da missão? — Tyler já incomodava.
— Sim. — respondeu Fantasma.
— Senhoritas? — ele tirou o capacete, colocou debaixo do braço e esperou. Também tiramos os nossos. Era como um alívio instantâneo. Nos encaramos segurando o riso e começamos a ritmar alguns passos. Pra lá e pra cá. Resolvi bater palmas, já que o show já tinha começado, e pra completar, Ash deu um giro.
— E chega. Nunca mais aposto nada.
Todos rimos.
— E agora, Fantasma? — perguntei, me recompondo.
— Agora, vamos desvendar os mistérios do universo, e perseguir a Treva.

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